Comecei o curso de Mediação com muitas expectativas, o que é meio caminho andado para uma decepção. Mas, ao contrário, `a medida que o curso avançava, o assunto cada vez me encantava mais.
Passei a observar, nas conversas do dia-a-dia, um movimento generalizado de questionamento de velhos paradigmas. Nunca se deu tanta importância ao autoconhecimento, à busca da felicidade, à saúde do corpo e da alma. Muito se investe e se cria, muito se lê, e a informação é facilmente disseminada. Não há verdades absolutas, as cabeças evoluem, e tudo em ritmo acelerado. Em todos os campos surgem novas ideias e ferramentas para avançarmos. A utilização de novas formas de resolução de conflitos, alternativas e complementares ao judiciário tradicional, faz parte desse movimento.
A sociedade tornou-se complexa, e suas estruturas, idem. Houve mudanças nas áreas comerciais, societária, organizacional/corporativa, nas relações internacionais e nas famílias. Nas empresas, conexões que se davam basicamente no âmbito direção/acionistas, hoje abrangem fornecedores, clientes, ambientalistas, sindicatos, e por aí vai. Quanto às famílias, elas não são mais formadas apenas por pai, mãe, ascendentes e descendentes. Temos os agregados, os ex, os “meus, os seus e os nossos”…
Impossível acreditar que o judiciário tradicional resolverá todas as disputas – da batida de carro ao acidente ambiental. Impossível imaginar que ele dê conta de tantos novos conflitos advindos de tantos questionamentos pessoais, que levam a rupturas de contratos tácito-psicológicos, com a consequente necessidade de novos contratos reais.
A mediacão, e outras ferramentas de resolução de conflitos, vieram para ficar. Além do efeito secundário de desafogarem o judiciário tradicional, atuam como instrumentos de pacificação e melhoria das relações humanas.
Já presente em algumas salas de aula, uma forma de mediação escolar, simplesmente genial, trata de capacitar adolescentes para mediarem junto aos seus pares. Foca no futuro. Não só ajuda os jovens que atualmente vivenciam conflitos, mas faz muito mais: evita que muitos adultos, mais adiante, venham a enfrentá-los. Muda a cabeça da garotada, planta sementes, mostra novas formas de lidar com as diferenças. Lembro de como eram resolvidas as disputas no colégio onde estudei – instituição, aliás, bem tradicional: brigas de meninos no recreio, que muitas vezes evoluíam para verdadeiras lutas livres depois das aulas, e formação de turminhas rivais entre as meninas. Isso, sem falar nas muitas formas de bullying, calado por quem sofria e tolerado por quem percebia.
Muita coisa mudou em pouco tempo, e vai mudar ainda mais. Sou otimista quanto ao futuro, e a Mediação faz parte disso.